terça-feira, dezembro 18, 2007

Aberta a temporada de caça ao Coelho...

Concordo com qualquer tentativa de se explicar e nortear a leitura de "Paulo Caolho" (não errei aqui não, é que ele não deve ler o que escreve), um autor um tanto ou quanto canastrão. Para mostrar que ele é, uma espécie de Peter Sellers (o jardineiro ingênuo, chamado "Chance", personagem do filme "Muito além do jardim"). Sou daqueles que podem falar de cadeira: -"Li, e não gostei!". Eloésio Paulo foi mais longe, leu todos os livros dele...

Eloésio Paulo, é um dos primeiros a tentar mostrar "Cria e Criatura", e demonstrar que a magia do "mago" seja mesmo a de embromar seus incautos e ingênuos leitores com a pior das baboseiras, ou quem sabe, o melhor de seu besteirol. E vai a fundo nisso.

É que, no mercado literário, textos como os de Paulo Coelho, destoam de outros de melhor valor cultural, que não tem o mesmo apelo mercadológico, e são pouco lidos, por que a obra de Paulo (des)classifica, num mesmo balaio (de gatos), todo ou qualquer escritor realmente melhor que ele. Ele, na verdade, tem mesmo um ótimo acessor de imprensa para isso.

O fato dele ter sido Editor, entre outras façanhas, não lhe dão a capacitação para ser um bom autor. Ele simplesmente conhece o mercado e dá a esta fatia de público, o que querem. É pão e circo, que ele oferece. Imagine ele representar a cultura de nosso povo!.

É o próprio Eloésio quem define seu "manual" (abaixo), e que todos os incautos e pretensos leitores das obras de Paulo Coelho devem usar como antídoto.

http://video.google.com/videoplay?docid=6872968852520566770

Entrevista com Ronnie Von para a TV Gazeta



Os 10 pecados de Pablo Conejo

Eloésio Paulo

Claro, é Davi contra Golias. Mas de vez em quando os dois trocam de lado. Depois eu explico. Ou não. Então: acabei de escrever um livro intitulado Os 10 pecados de Paulo Coelho. Sairá por uma editora pequena e não contará com nenhuma megaoperação publicitária como sói ocorrer com os livros do "bruxo". A não ser, talvez, de tabela, já que se promete para este fim de ano a biografia autorizada feita por Fernando Morais. O livro não ficou como eu queria, mas a hora era esta. De qualquer modo, fornecerá a justificação cabal a quem não quer ler P.C. e quer falar mal. De sobra, começará a explicação do sucesso de P.C. na França e jogará a mancheias sugestões de futuras teses universitárias sobre o mais recente embaixador "cultural" do Brasil.

Tudo começou quando, em 1988, escrevi um artigo intitulado "No supermercado espiritual de PC". Em resumo, constatava, depois de ler pela primeira vez O alquimista, que era muito pior do que eu imaginava. Os alunos me perguntando sobre P.C. foram o primeiro motivo: achei que lhes devia uma satisfação por meter a pua no "mago". Como digo no livro, não havia inicialmente qualquer antipatia. Pelo contrário, achava P.C. simpático e divertido quando ele ainda se mostrava atordoado com o sucesso internacional. Aliás, ele era, pelo menos oficialmente, co-autor de algumas das primeiras canções que aprendi, lá pelos sete ou oito anos. E das quais gosto até hoje, embora não por razões estéticas.

Não se tratava de entender o suceso de P.C. Era como se me pedissem para explicar o sucesso de Xuxa. Planejamento de marketing, ponto. A questão era mostrar com elementos concretos por que os livros dele eram ruins, a fim de que os alunos se animassem, quem sabe, a leituras mais adultas. Afinal, sempre trabalhei preferencialmente com colegiais de 16 anos ou mais, apostando na redenção do Brasil pelo intelecto da classe média (Ah, meu Deus!). O artigo, publicado no Jornal dos Lagos, cumpriu o que eu pretendia: quando alguém vinha perguntar por que eu não gostava de Pablo Conejo, xerocava o texto e lhe entregava.Não era nada acadêmico, o texto. O registro era humorístico, e comecei a pensar em escrever outros no mesmo tom, um sobre cada livro do autor. Naquele tempo a coisa ainda orçava pelas alturas de Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei , que na crítica de agora chamo "Folhetim carola ou A salvação pela piroca" (verão que não pode haver título mais justo.)

A vida não me deixou escrevê-los, e muitos anos se passaram até que decidi retomar o projeto. Agora já era doutor em Letras, mas longe de mim gastar o latim acadêmico por conta de tão escassa literatura: o viés continou a ser mais humorístico que doutoral. E, assim, nos últimos três anos gastei ocasionais feriados prolongados e pedaços de férias na leitura e releitura de P.C., desesperado porque ele publica um livro a cada dois anos, em média. Logo, ou eu publicava o livro ou isso jamais acabaria. Quero ler Proust! Agora está aí o livro: 144 páginas desiguais, ganga impura em meio à qual talvez se encontrem alguns quilates de justa valoração crítica. Torço pra que você dê umas risadas; fiz o possível para isso. Porque não é possível levar P.C. a sério: ao longo de duas décadas de sucesso, ele abandonou a simpatia e, sem deixar de estar atordoado com um sucesso absolutamente sem lastro, literariamente falando, adotou uma hybris ridícula quando a consideramos à luz do produto que pretende justificá-la. Desconfio que Pablo Conejo inventou o provincianismo globalizado.

Os pecados, quais são? Obviamente o semi-analfabetismo está entre os primeiros. Mas seria muito repetitivo falar muito de erros de gramática, embora isso seja importante, principalmente depois que ele "entrou" para a Academia (em votação secreta, sabia?). Existem a ignorância, o desleixo, a imperícia narrativa e, finis coronat opus, o auto-elogio. É claro que P.C. dispõe de invejáveis baterias antiaéreas. A começar pelo possível boicote do consenso boqueteiro à obra de um professor da província publicado por uma pequena editora. Só que há outros poderes sob o sol e, para citar aquele Jesus que P.C. gosta tanto de malversar, "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".