sábado, dezembro 22, 2007

Mulheres que falam demais – Martha Medeiros

“Dizem que as mulheres falam demais. Não há o que contestar, falamos pelos cotovelos, nos encontros com as amigas, nas reuniões familiares, ao telefone e nos aniversários, nas mesas de restaurantes e no salão de beleza, falamos. Puxamos conversa com a vizinha no elevador, discutimos o horror que está o preço das coisas, enfim, não ficamos nunca quietas, ao que parece. Mas nem tudo é o que parece. Mulheres gastam palavras à toa, mas economizam suas verdades mais uterinas. O que lhes grita dentro, não sai pela boca nem sussurrado. Não que tenhamos muito a esconder, mas temos muito a proteger: nossas contradições, nossas aflições, aqueles sentimentos todos que não são verbalizáveis. Mulheres calam demais. Calam mais do que homens, talvez por terem muito mais questionamentos, por serem mais ansiosas, por estarem sempre em estado de alerta, calamos o que nos perturba.

Homens são calados porque conseguem lidar melhor com o que lhes vai dentro, não se angustiam tanto, aceitam com mais resignação a vida que lhes foi oferecida ou a vida que conquistaram. Mulheres estão sempre pensando, colecionam interrogações: por que? e se? como seria? Sendo assim, tendo tanto a dizer e não dizendo nem metade do que nos corrói, calamos mais que todos, sim, mesmo falando e falando e falando. Bendito truque: falar para calar. Puxar os mais variados assuntos como meio de preservar o diálogo interior, para não macular nossa conversa com a gente mesmo, que ninguém deve ouvir. Falamos, aqui fora, de moda, novela, política, falamos umas das outras, acusamos e defendemos, falamos, falamos, discutimos as relações todas, com ele, com os pais, com os outros, interrompemos quando alguém opina, concluímos frases que nem são nossas: tudo porque mulheres em silêncio são perigosas. Muito mais do que quando falam. Mulheres em silêncio estão sempre tramando contra si mesmas”.

Martha Medeiros é uma jornalista e escritora brasileira. É colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro. Biografia: Martha Medeiros (1961) é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, tenho trabalhado como redatora e diretora de criação em vária agências daquela cidade. Em 1993, a literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros, deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito meses apenas escrevendo poesia. De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde até hoje mantêm coluna no caderno ZH Donna, que circula aos domingos, e outra — às quartas-feiras — no Segundo Caderno. Escreve, também, uma coluna semanal para o sítio Almas Gêmeas e colabora com a revista Época. Seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9a. edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. A autora é casada e tem duas filhas.


Comentário:

Martha Medeiros é ótima em descrever as contradições femininas. Toda mulher tem um busca insana por aquele homem que a compreenda e que respeite todas as suas contradições. Mas quando o encontram o detestam. Temem aqueles que conheçam todos os seus segredos. Segredos que se baseiam em toques, cheiros e gostos. Toda mulher se disfarça totalmente. Com maquiagens (corretoras), tratamentos (que começam toda segunda-feira), roupas (com ou sem enchimento), perfumes (excessivamente fortes). Nunca querem mostrar suas emoções, e é exatamente o que falam quando calam. Os homens são livres neste sentido. Quando uma mulher erra na dose do perfume, é porque está mais em baixa emocional do que em outros dias. Disfarça. Tenta levantar o próprio moral. Esquecendo-se que assim chamam mais atenção.

Com todos estes disfarces querem aquele homem que seja verdadeiro, sem as máscaras que utilizam. Mas no final se deixam levar pelo que for mais cafajeste e minta mais para elas, num hedonismo auditivo. Casam-se geralmente suportando qualquer tipo de vida (com quem quer que seja, do feio ao bonito, do asqueroso ao insuportável), que possam lhe dar algum tipo de compensação. São capazes de direcionar suas mentes em direções que alimentem as próprias ilusões, para manterem-se, pelo menos, satisfeitas nesta realidade. E brigam para manter esta ilusória forma de ver a vida. Vivem na Matrix que criam.

Sabemos que homens e mulheres são seres diametralmente opostos. Cujo genoma, base da vida, sinaliza as diferenças. São seres de biologia diferente. A revolução sexual, ou a abertura que a medicina deu a mulher ainda não foi bem utilizada por elas. Hoje vemos muitas mulheres independentes, que se acham capazes, suficientes, etecetera e tal, mas que na prática estão completamente estressadas e a beira de um ataque de nervos, criando seus filhos sozinhas, e com a própria auto-estima no dedão do pé, de tão baixa.

A natureza não dá saltos. A natureza faz tudo com zero de esforço. Se existe esforço na vida de uma pessoa alguma coisa está fora de seu equilíbrio natural. E é de equilíbrio que estou falando. O mesmo que as mulheres tanto anseiam. Para encontrá-lo busquem “realmente” os homens mais Nerds que encontrarem.

Atualmente muitos não tem mais aquele aparência de Bill Gates, embora o fato de Bill ser o homem mais rico do mundo pudesse interessar e mudar tudo. Existem muitos que fazem malhação e que cultivam a saúde. Muitos homens com capacidade, bons e não-cafagestes que possuem conteúdos impercebidos. Que não levam a loucura as mulheres, por só pensarem em futebol e cerveja, e deixar a toalha molhada em cima da cama, etc. Existem gostos mais refinados que fazem a vida muito mais interessante. As mulheres de hoje possuem muitas idéias preconcebidas, e fixação em coisas irrelevantes. Andam em círculos e teimam com referências erradas.

Os Nerds seriam bons em suas vidas, pois tem o mesmo costume (idéia fixa) de ir até as últimas conseqüências de um assunto. Possuem metas. Aprendem muito. Podem modificar para melhor a visão feminina da vida. Dando um norte e um caminho.

Sem a transformação dos valores femininos, nada mudará na nossa sociedade que ainda teima em vender o marketing do desequilíbrio (shows demais, até alta madrugada, bebidas, barulho, etc). Não se vive a vida na boemia. Ninguém vive só de aventura, ningué, é sexy 24 horas por dia. Exceto se for quem vende ou promova alguma tipo de marketing.

É preciso que, de vez em quando, haja reclusão, diante da expansão. Nada dura para sempre e nenhum excesso realmente fizeram o futuro de alguém. Na vida temos de ter metas, filosofia, arte, ciência e religião. Sem isso a vida fica sem conceito ou cria um preconceito.


Tudo que é repetitivo ou igual, que nos faz andar em círculos nos desequilibra. No documentário “Super Size Me – A Dieta do palhaço”, o cineasta-cobaia Morgan Spurlock, tentou e conseguiu demonstrar que comer o mesmo tipo de comida, no caso fast-food, consegui fazer piorar sua saúde e o fez adoecer (utilizando-se como exemplo o McDonald's e seus produtos).

Ele passou “um mês” se alimentando apenas dos itens do cardápio da rede. No final estava mais gordo e com o colesterol muito alto. Para voltar ao peso anterior, usou uma dieta vegana (que não consome alimentos animais) de desintoxicação, feita pela namorada que é vegetariana. Perdeu 4,5 kg em “dois meses”, embora tenha demorado mais ainda, quando voltou a comer carne, para perder os 7 quilos a mais e voltar ao seu peso original. O filme contém algumas cenas que podem ser consideradas fortes.


As mulheres devem falar menos ouvir mais. É dessa forma que se estabelece o diálogo. Evita-se andar em círculos sem sair do lugar. A troca dessa concepção de valores pode criar uma nova classe feminina, e novos tipos de filhos. Mais ponderados. E uma nova e possível civilização, com menos problemas do ponto de vista existencial.

Perceba que quase tudo começa e termina com as mulheres, embora elas, atualmente, saibam pouco disso e estejam sendo sabotadas pela sua própria classe, criando fantasias irreais que as mantêm presas nesse círculo vicioso. Tudo para que a mulher fale, e diga abertamente o que precisa, sem tramar contra si mesmas.


MarceloSan

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